ACM NETO deve ter dificuldade para formar a chapa para disputar o governo do estado em 2022
Por Rodrigo Daniel Silva
Uma dificuldade que a campanha de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia enfrentará é a montagem da chapa de 2022, segundo o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas Neto. Para ele, faltam hoje nomes com peso eleitoral no grupo do democrata.
“Não é fácil para Neto montar uma chapa, porque não existem nomes de peso do lado dele. Não existem nomes eleitoralmente pesados e fortes do lado dele. Isso é uma deficiência, que já se mostrou em outras eleições. Quais são os nomes que o grupo ligado a Neto tem? Independente de ele precisar do PP, do PSD, compor uma chapa com nomes mais ou menos conhecidos no estado é uma coisa importante para ele”, ressaltou Dantas Neto, em entrevista à Tribuna.
O cientista político lembrou que o MDB, que já teve força no interior do estado, “perdeu muita expressão”. A sigla se enfraqueceu após a Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões em um apartamento ligado aos ex-deputados federais Geddel Vieira Lima e Lúcio Vieira Lima.
Na campanha de 2018, o vice-governador João Leão (PP) apostou que Neto não seria candidato a governador naquele ano, porque não tinha aliados fortes. Na época, o progressista afirmou que Neto era uma “fortaleza” solitária. “Qual é o problema de Neto? Neto é forte? É. É jovem, é bom candidato, tem feito uma boa administração na prefeitura. Tem seus problemas, como nós temos os nossos. (Mas) ele tem uma pessoa, uma fortaleza do lado dele, que é ele. Quem vai ser o vice? Quem serão os candidatos ao Senado dele?”, questionou. Na época, ACM Neto, que tinha sido reeleito prefeito de Salvador, limitou-se a dizer que a “minha fortaleza são 74% dos eleitores de Salvador”.
Dois nomes já mostraram interesse em integrar a composição do democrata ao governo da Bahia em 2022: o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), e o prefeito de Mata de São João, João Gualberto (PSDB). Gualberto descarta ser postulante ao Senado, e teria interesse em ser vice-governador. Já Zé Ronaldo, além da dificuldade de compor a chapa por ser do mesmo partido de ACM Neto, estaria com a relação estremecida com o ex-prefeito. Na eleição de 2018, o ex-gestor feirense declarou apoio a Jair Bolsonaro, mesmo com o DEM na coligação de Geraldo Alckmin (PSDB). O caso foi visto como traição a ACM Neto, que ficou revoltado com o aliado.
Foto: Romildo de Jesus / Tribuna da Bahia