População brasileira deve começar a diminuir em 2042, diz estimativas
Por: Hieros Vasconcelos
A população da Bahia vai começar a diminuir mais cedo do que o resto do Brasil: a partir de 2035 haverá uma tendência de redução passo a passo até 2070, quando o estado passa a se tornar o 2º mais envelhecido do país, com três vezes mais idosos do que pessoas de até 14 anos, atrás apenas do Distrito Federal. Um dos fatores importantes para essa projeção, além da redução de nascimentos e do processo migratório, é também o aumento da esperança de vida, que na Bahia vai crescer 8 anos entre 2024 e 2070, passando de 75,8 para 83,7 anos.
Divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os dados são das Projeções das Populações do Brasil e Unidades da Federação 2000-2070 de 2024. Eles mostram que a partir de 2035 a população baiana, atualmente de 14.850.513 pessoas, deve ter uma queda de mais de 2 milhões, passando a ter 12.823.350 pessoas.
No Brasil como um todo, a diminuição populacional vai começar em 2042, o que coloca a Bahia como 5º estado a iniciar esse processo mais cedo, depois de Alagoas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Maranhão. A projeção é de que até 2070, na Bahia, o número de idosos vai mais que duplicar (123,8%) e o de crianças e adolescentes cairá à metade. A cada 10 pessoas, quatro terão 60 anos ou mais, 40,3% do total do ano projetado.
De acordo com o instituto, dentre os motivos para a diminuição populacional estão baixo crescimento vegetativo (nascimentos menos mortes), que se tornará negativo no médio prazo, e a manutenção de uma migração de saída maior do que a de entrada. Soma-se, ainda, a queda da natalidade conjugada ao aumento na longevidade, que colocarão a Bahia como 2º estado mais envelhecido.
Apesar de passar a ter, até 2070, menos 13,7% da população em comparação com os dias atuais, o estado continuará como 4º mais populoso do país, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O IBGE explica que a revisão deste ano sobre nas projeções estão incorporados os resultados do Censo Demográfico de 2022, informações mais recentes dos registros de nascimentos e óbitos; dados preliminares de migração interna, obtidos no Censo 2022; e dados de migração internacional, advindos de registros administrativos.
Qualidade de vida – O crescimento da longevidade, ou esperança de vida, na Bahia, deve ser maior para os homens, de 71,9 para 81,3 anos (mais 9,4 anos). Já a expectativa para as mulheres aumenta 6,3 anos, de 79,8 para 86,1 anos. “Assim, embora elas mantenham uma esperança de vida ao nascer maior, a diferença para mais, em relação aos homens, deve diminuir de 7,9 anos em 2024 para 6,3 anos em 2070”, explica o levantamento.
Natalidade – Conforme o IBGE, a queda da natalidade é um dos fatores determinantes para a projeção de redução populacional na Bahia. Entre 2024 e 2070, o estado deverá ter a 3ª maior diminuição absoluta no número de nascimentos, que passará de 166.780 para 91.387, com menos 75.393 crianças nascidas ou uma queda de 45,2%. Apenas São Paulo (-188.128 nascimentos, ou -38,4%) e Minas Gerais (-89.296 nascimentos, ou -39,0%) terão recuos absolutos maiores do que o baiano.
Já o envelhecimento na Bahia deverá ser mais intenso do que no Brasil. Este ano, projeta-se que a Bahia tenha uma proporção de idosos (15,6%) menor do que o Brasil como um todo (16,1%) e a 9ª entre as 27 unidades da Federação. Em 2070, os 40,3% de idosos no estado deverão superar o índice nacional (37,8%) e se tornar o 2º maior, só abaixo, mas muito próximo, do Distrito Federal (40,4%).
A projeção é que a população brasileira comece a diminuir em 2042 e chegue, em 2070, a 199.228.708 pessoas, 6,3% a menos do que a estimativa atual, de 212.583.750, ainda 14,0% superior à população de 2000.
Tribuna/Foto: Romildo de Jesus