Governo do Estado dialoga com prefeitos para definir prioridades na reconstrução das residências e estruturas arrasadas nas enchentes. Ibiratiaia receberá 50 casas
Por Lily Menezes
Com toda a água que caiu no extremo sul, sudoeste e sul da Bahia, a vida tem sido bastante difícil para os moradores dos 136 municípios afetados, principalmente para quem viu o pouco que tinha sendo arrastado pelas enxurradas. Agora, que a intensidade das chuvas diminuiu, a população começa a contabilizar os prejuízos e arregaçar as mangas para recomeçar a vida. Muitas casas que se mantiveram em pé ainda carregam as marcas das enxurradas, e entulhos contendo o que sobrou dos móveis, roupas e documentos perdidos tomam as ruas. Além das doações de alimentos, produtos de higiene e outros donativos que chegam de outras partes do Estado e do país, agora os esforços estão concentrados na reconstrução das casas e na prestação de apoio a quem não tem mais nada: de acordo com informações da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), já são 34,1 mil pessoas que perderam seus lares e precisam do suporte do poder público.
A pasta estadual disse ainda que existem 42,9 mil baianos desalojados, que também tiveram suas residências destruídas pelas enchentes e estão provisoriamente em casas de parentes ou nos abrigos mobilizados. Já são quase 500 mil os prejudicados de algum modo pelas fortes chuvas. Em Itamaraju, uma das cidades mais prejudicadas e onde mais choveu neste mês com quase 800 mm, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), foram entregues as primeiras geladeiras, fogões e botijões de gás para as famílias cadastradas pela Secretaria de Desenvolvimento Social municipal e estadual. No município de Iramaia, no sudoeste, a Prefeitura fez hoje uma compra emergencial de donativos para atender às necessidades dos desabrigados. Em Itabuna, equipes estão fazendo a limpeza das ruas afetadas e prestando atendimento médico aos desabrigados; muitos deles estão com sintomas gripais e necessitando de medicamentos.
As comunidades ribeirinhas, que vivem em constante estado de alerta com a cheia dos rios, também estão no foco das reconstruções: em Ibiratiaia, um terreno do Governo do Estado será usado para a construção de cerca de 50 casas, a fim de retirar os moradores dos barracos feitos de forma precária. O anúncio foi feito pelo governador Rui Costa junto à prefeita da cidade, Ana Cléia, em visita aos locais afetados. O intuito é levar a ajuda na reconstrução das moradias para todas as cidades arrasadas pelos temporais, e as prefeituras já estão sendo procuradas para que sejam levantadas as maiores necessidades de restauro. “Nós vamos ter, em cada município, que ir elegendo as prioridades, porque se esse conjunto de infraestrutura levou, às vezes, 50 anos para ser construído e a água levou tudo de uma vez, não será em três meses, seis meses, que nós vamos reconstruir tudo”, disse Rui. “Neste momento, é um trabalho duplo: de retorno das casas e de reforço para distribuir o que a família está precisando”.
O Ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho está acompanhando a situação das cidades baianas, mas espera o tempo se estabilizar para ver o que será feito para a reestruturação de residências e rodovias; há pelo menos quarenta trechos com rachaduras que impedem tanto a mobilidade dos moradores quanto a chegada das equipes de salvamento e das doações destinadas à população. “Estamos esperando um diagnóstico mais acurado para saber qual é a necessidade, que vamos ter efetivamente quando baixarem as águas, e será feito o que for necessário”, declarou em coletiva de imprensa em Ilhéus. Por lá, o poder municipal entregou colchões e cestas básicas, e esteve no bairro Salobrinho para realizar o cadastro das famílias desabrigadas para identificar as necessidades e direcionar outros donativos.