Bruno Reis cogita estender lockdown se agravar a pandemia

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), disse que não está descartada a possibilidade de estender o lockdown
Por Rodrigo Daniel Silva
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), disse que não está descartada a possibilidade de estender o lockdown, que iniciou na tarde de ontem e está previsto para encerrar às 5h da manhã da próxima segunda-feira.
“Podem (ser ampliado), sim. Esses 84% (de ocupação de leitos de UTI) quando nós regularmos todos os pacientes que estão na UPA, vamos chegar a 100% praticamente. Se durante esse final de semana tivermos cenas de pessoas precisando respiradores para serem intubadas, se não tivermos condições de oferecer (leitos), se tivermos que fechar alguma UPA, porque não conseguimos dar conta do atendimento, vamos ter que prorrogar essas medidas. Eu não hesitarei em tomar medidas mais duras. Nós fizemos essa conversa com todos os prefeitos da região metropolitana, porque não adianta fechar Salvador, se Camaçari e Lauro ficarem abertas e as pessoas irem para lá. Conversamos com todos os prefeitos da região metropolitana, e todos concordaram. Não tenha dúvida que, se continuar os números como estão, vamos ter que adotar medidas prorrogando todas elas que estão aí”, disse, em entrevista à TV Bahia.
O cientista Miguel Nicolelis criticou o “lockdown de final de semana”. Segundo ele, não funcionou “em nenhum lugar”. “Ou faz direito – duas ou três semanas no mínimo – ou não espere resultados reais e duradouros. Aviso está dado mais uma vez. Salvador deveria ter feito lockdown em julho do ano passado. Não fez e sofre com isso hoje”, avaliou.
O democrata soteropolitano ressaltou que todas as medidas estão sendo adotadas para evitar a falta de leitos. “A prefeitura está fazendo mais do que o possível, mas as pessoas precisam ter consciência de que, se a pandemia continuar crescendo na proporção que está, os leitos não irão suportar. Nós temos uma limitação de insumos, de respiradores e de pessoal”, pontuou. Bruno Reis, em entrevista à GloboNews, afirmou ainda que a doença se agravou, por causa das novas cepas. “A situação está muito grave em Salvador. Estamos vivendo o pior momento da pandemia, e essas decisões (de lockdown) foram motivadas porque estamos em pré-colapso na rede pública e privada. Há novas variantes, novas cepas. Já foram identificadas cepa peruana, cepa do Reino Unido, cepa de Manaus”, pontuou.
O prefeito afirmou que a proposta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de transferência de pacientes entre estados que enfrentam lotação de UTIs pode “amenizar” agora, mas, com o tempo, pode se tornar inútil porque há “crescimento exponencial” em todo o país.
“A prefeitura vem ampliando os hospitais de campanhas, já temos uma quantidade de leitos superior à primeira onda. Estamos abrindo mais leitos, novo hospital de campanhas. O governo (estadual) também tem feito (um esforço). É um trabalho único, e, se necessário for, vamos ter que apelar esse mecanismo de transferência para outros estados. Esperamos que, com essas medidas de isolamento social, se possa conter a onda. (…) Outras cidades e outros estados estão enfrentando essas dificuldades. Se continuar nesse ritmo, vai se alastrar pelo Brasil todo. E, nas próximas duas semanas, vamos estar vivendo um caos na saúde em todo o país. Essa sistemática de transferência não vai dar certo”, declarou.
Tribuna/Foto: Reginaldo Ipê / Tribuna da Bahia